quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A infância na China



Como posso colocar um título desses se nunca fui criança aqui?
Bom, porque eu sou uma observadora, e metida também, por isso vou contar mais uma vez sobre o que vejo e sobre o que falo com as pessoas por aqui.

Escolhi esse tema porque a dona da minha agência em Beijing está grávida, e como gosto muito dela, estou afim de mandar um presentinho. Pra isso, precisei recorrer à perguntinha básica: "É menino ou menina?"
Para minha surpresa ela veio me contar que não sabe, nem vai ficar sabendo até que a criança nasça. Os médicos são proibidos de revelar o sexo da criança porque como os chineses preferem (pra não dizer "só querem") ter filhos homens, muitas mulheres abortam se souberem que carregam uma "guria" na barriga.

Sim!!! 2011!!! Nossa presidente é mulher! Tem várias mulheres ganhando prêmio Nobel da paz por defenderem direitos iguais entre os sexos. E eu aqui encarando essas coisas? É nessas horas que dá aquela sensação de tentar passar por uma porta de vidro fechada! Onde a porta representa a tal da barreira cultural. Porque, por mais que eu enxergue o outro lado, não entendo (MESMO) com é estar ali...
Mas enfim! Vou aproveitar pra contar mais umas dessas coisinhas que me deixaram de boca aberta.


Desde que cheguei aqui, vejo crianças andando de bunda de fora, e todas as outras "partes" de fora. Isso porque usar fralda é caro (e tenho que fazer uma observação de que nesse caso, quem sai ganhando é o meio ambiente), e porque assim é mais prático, não tem que ficar trocando as crianças, é só ajudar ela a agachar no cantinho e fazer o que tem que ser feito. Depois recolhe-se o que for preciso ser recolhido. Essa parte eu nunca vi realmente, mas eu assim espero. Alguém vê nisso alguma semelhança com cachorrinhos de estimação? Eu não! Não é isso... Só achei que poderia ter passado isso pela cabeça de algum de vocês... (sim, já está na hora de tirar férias da China, eu entendo...)



Mas a foto ficou uma gracinha né?

Uma vez eu estava almoçando com minha amiga chinesa, e contei pra ela que lá em casa, temos o hábito de descansar depois do almoço. E ela me disse que, aqui, no jardim de infância, as crianças almoçam na escola e antes de começar o turno da tarde elas precisam dormir. – Precisam dormir? E se a criança não quiser? – perguntei achando que na verdade ela tivesse trocado o “precisam” por “podem”. – Bom, - diz ela – meu irmão mais novo ficou brabo com a professora e disse que não queria dormir. Durante uma semana ele teve que ficar de pé enquanto as outras crianças dormiam.

Hein??? Blam!!! Na porta de vidro de novo! Eu só ria, imaginando isso acontecer no colégio onde eu estudei...


Pra quem tem preguiça de estudar, espelhe-se nessa menina... ela está sentada numa rua que muito lembra a 25 de março em São Paulo as 18h...

Outra coisa que chama bastante minha atenção, é como muitas crianças são criadas “livres”. Correm pela rua, sentam no chão, engatinha onde querem, (e vou dizer que o chão pra limpo não serve...), andam de moto com os pais, sem capacete, brincam pra “lá e pra cá”, com “isso e aquilo” que encontram “aqui e ali”. E em geral as mães estão por ali, mas nem dando muita bola sabe?
Esses tempos, chegando em casa, passei por umas crianças quando me dirigia para o elevador, uma delas estava recém aprendendo a andar, já sabia correr e tudo, mas sabe quando elas param e ainda dão aquela cambaleadinha? No que eu passei, ela me seguiu e eu só vi quando entrei no elevador, me virei e vi a criança parada bem na porta. E não pensem que o sensor daquele elevador é bom... a porta só costuma abrir de novo quando já está quase esmagando uma mão.
Eu fiquei tentando empurrar a criança, que dava dois passos e voltava e ao mesmo tempo tentava chamar a mãe da criança, que não veio atrás dela, mas não esqueçam: EU NÃO FALO CHINES. E imaginem, toda essa cena acontecendo, e três chineses no elevador só assistindo. Exato! Eles nem tentaram me ajudar a chamar a mãe e nem falar em chinês pra criança VAZAR! Essa é a nossa amiga China...


Mas acho bonito de ver. Em qualquer condomínio, no fim da tarde, o pátio fica cheinho de gente. Crianças e pessoas cuidando de crianças. E elas brincam até gastar aquela energia que sobrou do dia, atropelam a gente com suas bicicletinhas, motinhos, patinetes, patins, ou correndo mesmo. Mas eu entendo, faz parte daquela cultura “vários corpos podem ocupar o mesmo lugar no espaço”. Esqueci de falar que isso também se aplica no trânsito.


Os bebês são carregados em carrinhos e também em “coletes para carregar bebês”. Já vi mães carregando um na frente e um nas costas. Inclusive essa mãe se virava pra lá e pra cá,como se tivesse nas costas apenas uma mochila, eu jurava que uma hora ela ia bater aquela criança. E já vi também um que parecia muito estar sufocando lá dentro. Até hoje acho que aquela criança virou anjinho...  Eu realmente não vejo aquilo como algo confortável, se eu fosse um bebê, ia preferir um colinho...

Quando falamos em crianças chinesas aí no Brasil, logo pensamos que aqui só existem filhos únicos certo? Errado!
Um chinês morador de cidade grande pode ter o segundo filho se o primeiro tiver vindo mulher, o governo da mais uma chance para o casal tentar ser feliz. Se não, o segundo filho só é permitido mediante ao pagamento de aproximadamente 2 milhões de RMB (algo como R$ 500.000). Se os pais não tiverem essa grana no porquinho, o filho não terá documentos, basicamente não existirá, não poderá ir para escola, não terá direito de um cidadão... Pensando assim, será que eles são mesmo apenas 1,3 bilhão?

Bom, esse post já está grande de mais. Se eu lembrar de mais coisas sobre crianças, vou escrevendo misturado a outros assuntos mesmo!

Abraços,






sábado, 22 de outubro de 2011

Marshal Efect

Durante meu tempo livre aqui na China eu tenho me divertido assistindo um seriado americano chamado "How I met your mother" que é muito engraçado e eu recomendo pra qualquer um. É uma sátira bem atual sobre sentimentos que se fazem presentes em muitas pessoas entre seus 25 e 35 anos.

Eis que em um episódio, uma das personagens, o Marshal, quer pedir demissão por estar extremamente infeliz na empresa em que trabalha. No dia que ele vai se demitir, de repente, ele começa a gostar de todas as coisas que antes o incomodavam, e acaba por desistir. A noite, quando relatava isso para seus amigos, um deles diz que isso é um fenômeno comum quando queremos nos ver livres de alguma coisa ou de alguém. E contou que sentiu o mesmo quando foi terminar o relacionamento com a namorada.

Enfim, estou contando isso porque vou me mudar. Não vou mais morar em Guagzhou. E, a pesar de estar cansada dessa função de cidade grande e de me sentir meio sozinha a pesar dos outros 12 milhoes de habitantes, esses últimos dias aqui foram como o último dia do Marshal na empresa.

De repente o tempo ficou ótimo!
Na hora de procurar meus amigos pra me despedir, percebi quantos eu tenho!
Como está tendo uma feira enorme na cidade agora, a Canton Fair, a cidade está cheia de extrangeiros! Até a balada, que eu não aguentava mais, estava muito divertida ontem!
Achei um lugar ótimo pra comprar roupas e sapatos baratíssimos!

Bom, queria contar isso pra vocês e aproveitar a deixa pra falar um pouco sobre Guagzhou já que estou usando esses óculos com lentes cor de rosa por agora! E atender ao pedido do meu pai de colocar fotos da torre e da cidade aqui no blog. Vou procurar falar sobre o meu ponto de vista e não escrever simples informações turísticas facilmente encontráveis no google.






Guagzhou é a capital da província de Guandong, em português Cantão. Fica bem no sul da China e tem sua língua própria. A pesar de ser o mandarim a única língua ensinada nas escolas da China, o pessoal aqui é bem bairrista e não deixa de ensinar seus filhos a falar cantonês só porque o governo quer...
Essa tambem é a língua falada em Hong Kong. Que, antes dos ingleses tomarem conta, fazia parte de Cantão.
Guangzhou também é conhecida como a cidade das flores, esse verão eu entendi porque. O clima fica extremamente quente e úmido, perfeito para as plantinhas. Além disso, a época quente aqui é bem extensa. Já estamos no fim de Outubro e eu ainda estou usando shortinho e camiseta, enquanto meus amigos em Beijing já estão saindo bem encasacados...
A cidade também é famosa no mundo todo por causa da Canton Fair, se não é a maior do mundo é uma das maiores, e traz milhares de pessoas pra cidade, como eu contei antes, a cidade parece um grande mostruário dos mais diversos tipos de homo sapiens.
O que é legal! É muito bom se sentir parte desse mostruário. (ainda mais um exemplar tão belo como eu!!! Hahaha)

Quando converso com pessoas que estiveram aqui há dois anos, elas me falam horrores de Guagzhou. Antes de vir, ouvi comentários bem negativos sobre a cidade. O que acontece é que, quem esteve aqui, antes de Outubro de 2010, não faz idéia de como a cidade mudou.
Guagzhou foi a sede dos jogos asiáticos ano passado. E como a China tem essa forte característica "se é pra mostrar pro mundo, vamos provar que somos os melhores", como pudemos ver claramente nas Olimpíadas de Beijing,  eles transformaram a cidade. Amigos meus que moram aqui há alguns anos já, me apontaram tudo que foi construído para os jogos, e realmente, posso concluir que a cidade era outra!
Desses novos “itens” que a cidade recebeu para os jogos, o meu preferido é a torre de TV, que hoje é a mais alta do mundo. E a pesar de eu não conhecer todas as torres de TV do mundo, eu arrico dizer que é a mais linda. Ela fica na beira do rio Pérola e deixa a paisagem maravlhosa a noite.

O sistema de metrô é rapido e bem eficiênte, taxi é barato e tem aos montes. Existe ciclovia em toda área central. As ruas são limpas (isso porque a mão de obra é barata, não porque as pessoas mantêm a limpeza, bem pelo contrário...), existe opções de restaurantes desde muito baratos até muito caros espalhados pela cidade toda, de chinêses e asiáticos até europeus e latinos.
Uma coisa muito interssante que tem muito aqui e que não vemos no Brasil são as avenidas de dois ou três andares. Falando assim parece estranho, mas é bem isso mesmo. Como solução para o trânsito, eles construiram várias avenidas altas, muitas tem vários e vários quilômetros de extensão a uns 30 metros do chão. Algumas tem um sentido construído a cima do outro. Por exemplo, sentido norte a 30 metros do chão e sentido sul a 60. E o “térreo” serve para os veículos que estão circulando nos arredores e não tem a intenção de ir tão longe.
Nem preciso dizer o quanto isso muda a paisagem certo? Tem concreto e mais concreto pra todos os lados, mas pelo menos tem plantas penduradas onde quer que seja possível fazê-las crescer.


Apesar dessa magnífica transformação, Guagzhou ainda sofre muito com a poluição devido à enorme quantidade de fábricas na região (e que aparentemente não possuem nenhum controle de poluição atmosférica).
Quanto tem um dia de céu azul, todo mundo acha estranho e comemora, parece outra cidade, outro país! Eu juro que não estou exagerando!

A cidade é cortada por um rio navegável, o que implica em uma quantidade enorme de pontes. Mas confesso que isso acaba deixando a paisagem linda a noite. Cada ponte tem sua arquitetura particular e é difícil escolher qual delas é mais bem iluminada.

A margem do rio é "passeável" e essa época quente do ano ela fica cheíssima! Tem chinês jogando peteca, andando de patins, pescando, andando de bicicleta, jogando carta, praticando danças e tai shi shuan, conversando, cuidando das crianças, ou simplesmente curtindo o frescor dos fins de tarde.
Eu até gravei um vídeo curtinho mas onde tudo isso que descrevi acontece, mas como a internet aqui bloqueia meu blog, quem está fazendo as postagens pra mim é meu irmão, e pra mandar o vídeo pra ele por email é muito pesado...
Escolhi a dedo umas fotinhos da cidade pra vocês poderem conpartilhar comigo o sentimento que tenho daqui.

E sim! Vou ficar com saudades, muita! Seja agora indo pra Xiamen, seja em dezembro voltando pro Brasil! Mas por agora estou meio de saco cheio da chinezada! Deixa esse post só com as coisas boas. No próximo eu falo mais um pouco mal deles, hoje vou dar um breake hehehe.

Beijos com sabor de feijão, chimrrão, guaraná, pão de queijo, goiabada, carreteiro, cuca de banana da vó Cléia, doce de leite aaaaaaaahhhh que saudades!!!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Mais um pouco sobre a China


Chinês é um povo bem mal educado.
Calma. Esse julgamento ficou forte e unilateral, certo? Vou dar uma melhorada: do nosso ponto de vista brasileiro/ocidental chinês é um povo bem mal educado. 
Pronto! Melhorou?
Corrigi, porque sei que o conceito de boa educação não passa de uma questão pré estabelecida no canto de mundo que eu moro e que não necessariamente vem a ser uma verdade absoluta. 

Mas é difícil de conviver viu? 
Acho que aqui eles aprendem no colégio uma física um poco diferente da nossa, a deles não tem aquela parte que diz: "dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço"
Eles esbarram na rua como se tu não estivesse ali, te empurram no metrô até entrar todo mundo (detalhe que eles entram e param na porta, e não se espalham pra dentro do trem, isso porque eles realmente acreditam que uns 10 corpos podem ocupar o mesmo lugar no espaço). Arrotam na mesa, no meio de uma conversa, no meio da rua. Pigarram a vontade, tu comendo ao lado deles ou não. Tiram foto tua na rua como se tu fosse um macaquinho enjaulado, nem lembram que talvez tu não queira ser fotografado. Fumam em qualquer ambiente, aberto, fechado, enclausurado. Fazem barulho pra comer, beber chá e tomar sopa, e isso pode ser na mesa, no trem, no ônibus... Não são nada familiares com "por favor", "obrigado", "desculpa", "licença" então... essa nunca ouviram falar (pra que pedir licença se 10 corpos podem ocupar o mesmo lugar no espaço?). Abrir a porta pra alguém? Deixar alguém passar primeiro? ISSO NÃO EXISTE!!!

Enfim, vou parar, se não esse post inteiro vai se resumir à falta de etiqueta dos chinese (por assim dizer).

Em contraste a isso, eles adoram fazer pose. Adoram tirar foto, se maquiar, se arrumar bem principalmente se for para um evento! Nossa e chinês adora um evento. Tudo é motivo e todos são pomposos. 

Esses eventos costumam ter algumas atrações que se repetem, entre elas é ter extrangeiras ou desfilando, ou recepcionando ou simplismente estanto no evento.

Ontem participei da inauguração de um complexo de lojas de tecidos. Foi grande! E eu estava lá, compondo uma das atrações.
Além das ocidentais para recepcionar a galera, teve apresentação daqueles dragões chineses, fogos de artifício com fumaça colorida, confetes e mais confetes, música até a chuva veio fazer sua apresentação (mas essa acho que eles não gostaram muito).
Depois da abertura, fomos para um hotel lindo para o almoço e aí tem umas fotinhos dos pratos servidos. Foi divertido, eu estava com outras brasileiras e demos risada de cada um que chegava.


É meio clichê ficar falando sobre a alegria intrínseca ao nosso povo. Mas ela fica tão evidente quando estamos fora de "casa" principalmente se estiver cheio de modelos russas na nossa volta (nunca vi povinho tão carrancudo). Realmete, o astral é outro quando tem brasileiros na bagunça. O povo aqui nos ama, fazem de tudo pra ter uns "brazucas" na volta.
Bom, esse post ficou sem uma conclusão... Mas ta legal. Só queria contar mais umas coisinhas sobre essa China doida. E sobre minhas impressões daqui.

Beijos de saudades.






quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Festival de Outono – dia da lua cheia.

Oi gente!


Hoje vou contar um pouco sobre uma festa tradicional aqui na China. Ontem foi feriado, o país inteiro para pra comemorar o dia que a lua fica mais cheia o ano todo. E vou ter que dar a minha opinião sobre isso: eu acho lindo! A lua é linda, está lá no céu todos os dias dando um show pra qualquer um que quiser parar dois segundos e observá-la. Ela merece totalmente que a gente pare tudo no dia que ela está mais linda para apreciarmos sua beleza.

E como o calendário dos chineses é lunar, ao contrário do nosso que é solar, as datas aqui são diretamente relacionadas à ela.

Eles comemoram fazendo um jantar especial e comendo os famosos bolinhos de lua. Que para o gosto da maioria dos estrangeiros é ruim, mas eu claro, adorei! Hehe Só porque é feito de coisas estranhas as pessoas tem dificuldade em apreciar.



Bom, eu fui convidada para passar o feriado na casa da minha amiga chineza, numa cidade aqui perto. Eu fui, mas como tinha um desfile a noite, não pude participara do jantar típico. Apenas almocei com ela e com a avó.

Mas mesmo assim foi muito legal, só a troca de cultura que tivemos nesse almoço foi incrível. Pra começar que almoçamos um peixe delicioso, com os palitinhos claro, e na hora que quis virar o peixe pra pegar a carne do outro lado, ela disse que não podia fazer isso, porque de acordo com as tradições chinesas isso dá azar.

O mais engraçado é que quando pedi parar ir ao banheiro, adivinhem! Descobri onde morava o irmão do peixe qua tínhamos acabado de devorar. Olhem a foto, e já conheçam um banheiro típico chinês.



Bom, ainda durante o almoço, a Constance me falou um pouco sobre o equilíbrio que os chineses costumam fazer na culinária. Pois estávamos comendo vegetais com gengibre, e ela me disse que o verde é tipo de alimento frio e o gengíbre um tipo de alimento quente, e que para o bom funcionamento do corpo, é bom que façamos esse equlíbrio na alimentação.

Antes, ela tinha me contado também, que é um dito popular, mas que é verídico, que os cantoneses (as pessoas aqui do sul da china) comem tudo menos a mesa e os pratos. Aí entramos no assunto da carne de cachorro, e ela me disse que existe, nas grandes cidades, uma proteção a certos animais, por parte do governo, tipo cachorros e gatos para que as pessoas não os comam, mas que, no interior isso é ignorado, e que ainda é muito comum comer cachorro, gato, coelho, e outros animais que cruzarem o caminho de algum cantones.

A tarde, sentamos na sala para tomar um chá. Todas as casas chinesas tem uma mesa de chá na sala, e ela me mostrou que cada membro da família tem a sua xícara personalizada.



Os chineses apreciam muito o chá, faz parte do dia-a-a deles como água e chimarrão fazem parte do nosso. Existem casas de chá em cada esquina. Inclusive fomos em uma, vejam a foto, era das mais simples, mas tinha desde chá que fazia bem para a pele até chá que fazia bem para o coração.



Nós compramos uns ingredientes para um chá que vai me ajudar a me livrar das espinhas. Ela também me contou que alguns tpos de chá são como vinho, quanto mais velho, melhor.



E o pai dela me deu uma chaleirinha de barro linda para eu preparar meus chás em casa.

Ela me contou que na cidade dela os tomates são bem mais vermelhos, a comida tem mais sabor, os vizinhos costumam se convidar para fazer as refeições juntos, um chama o outro quando está chovendo para recolher a roupa, as pessoas da terceira idade (a vó dela inclusive), praticam Tai ji porque movimenta o corpo e faz bem.

O que mais gostei dessa experiência, foi perceber o quanto da cultura deles está ligada a coisas simples da vida. Me senti muito bem na casa dela e fui muito bem recebida, fiquei triste de não poder ficar para o jantar, mas a avó dela não me deixou ir embora sem uma sacola cheinha de comida típica do dia.

Pra encerrar, posto uma foto da família. (Obs: eu achava minha amiga baixinha até eu conhecer a avó dela hehehe)



Abraços!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Thailandia


Ai, ai, Hong Kong me inspira, juro, hoje fui dar uma caminhada a noite e estava Rolando um show de luz e som naqueles arranha céus lindos. Muito tri.

Mas pera aí? Hong Kong? O título não era Thailandia? Calma, eu explico. É que a internet parece que está cada dia mais bloqueada na China, por isso só consigo escrever no meu blog quando venho pra HK renovar meu visto... 

Mas sim, vou contar sobre as férias de 7 dias na Thailandia, e por favor senhores, peguem seus babadores. (hehehe)

Bom, no fim de Julho acabou o contrato do Ed na Coréia, e como o próximo destino dele era Guangzhou, eu falei: “pera aí, antes de vir, vamos passar uns dias na Thai, porque o verão aqui está insuportável”, e lá fomos nós. 

Fomos primeiro para a Ilha de Phuket, que é bem grande se comparar com as outras opções de ilhas que tem por lá. Por isso, é o destino prinicipal de quem vai passear,  e o local mais desenvolvido para turismo.  Tem praias maravílhosas, parecidas com Florianópolis e com as belas praias de Santa Catarina. Mas com a grande de diferença de que em Phuket tem muitos “ladyboys”mais conhecidos como travecos mesmo. É impressionante, até o guardinha do aeroporto era mulher. Não tenho nada contra, cada um tem direito de fazer as suas ecolhas, e admiro a força e a coragem desses menios(as) para trocar de sexo, mas a quantidade deles, chama tanta atenção quanto as belas praias.
Em um dos dias que estávamos em Phuket, fomos fazer um tour até a ilha do James Bond, chamam assim porque ele gravou um filme lá 400 anos atrás, mas tem essa pedra famos aí que é cartão postal da ilha

Nesse mesmo passeio quando o barco já está se dirigindo de volta à Phuket, um grupo de “ladyboys”  faz um show para os passageiros. Aí flagrei eles se arrumando no convés.

Outra coisa que impressiona de mais na Thailandia é o preço de tudo. É tudo MUITO barato, esse passeio de barco que fizemos, tinha incluso almoço (uma delícia diga-se de passagem),  show de “laydyboys”, transporte até o hotel e o passeio de um dia inteiro, tudo isso pelo absurdo de 50 reais! No último dia em Phuket, alugamos uma moto, e fomos conhecendo todas as prainhas, o aluguel da moto pro dia todo foi 15 reais! Ah! Mas claro, teve o combustível também, 3 reais...


De Phuket fomos para Phi Phi, outra ilha, onde passamos os 3 últimos dias. Aí sim que o bixo pega! Não tem como comparar com SC, só tem como comparar com o paraíso mesmo! Quem disse que a gente queria voltar? Eu já estava fazendo um plano de gerenciamento ambiental da ilha (porque precisa diga-se de passagem, mas também era o único defeito), pra poder ter um emprego e uma desculpa pra ficar por lá! Bom, não vou falar mais nada, olhem a foto abaixo e tirem suas próprias conclusões...

Sem contar que na ilha não entra carro, só bicicleta. E tem gente do mundo todo, festa na praia todos os dias, só gente jovem e bonita, todos os dias foram de sol radiante, (eu sei que vocês devem estar pensando que eu estou mentindo, mas é tudo verdade), hotéis baratos, comida baratíssima, água... a água nem tinha graça... O Edu estava constrangido porque tava com a unha do pé suja e mesmo dentro da água todo mundo via...(hehehe). Sim! O Edu foi junto pra Phi Phi, mas ele não fez o tipo vela não, foi bem divertido o tempo todo! Vou até colocar uma foto dele em homenagem:

Gente, eu poderia ficar aqui falando sobre Phi Phi mais dois séculos, mas vou resumir da melhor forma: não morram sem antes ir pra lá! É incrível! 

Vou ficando por aqui, juro que volto pra China e tento postar de lá mais umas vezes. 

Beijos!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Viagem de trem de 21h

Esse título merece uma postagem particular porque tem muitos detalhes e fala bastante sobre a China. Pelo menos sobre o meu ponto de vista. E apesar de já estar há seis meses neste curioso país, ainda me deparo com situações e acontecimentos que me surpreendem.
Quando decidi que ia voltar para Guangzhou, já sabia da possibilidade de ir de ir de trem ao invés de avião. Optei por ela por causa do custo, economizei cerca de 1500 RMB (uns R$ 400,00), além do que teria de pagar de excesso de bagagem, porque não adianta, cada lugar que passo vou acumulando coisas e mais coisas, nem sei de onde vem tanta bugiganga, mas a mala parece que encolhe cada vez que eu vou montar ela de novo. E também, fazer uma viagem de 21h e atravessar a China de trem, me pareceu curioso e excitante.
Meu erro foi querer comprar a passagem de um dia pro outro. Mas aqui não existe isso, é tudo super lotado, sempre! Não tem época ou horário... (um bilhão e trezentos mil, isso vem na minha cabeça o tempo todo) Minha sorte é que o pessoal da agência conhece bem a dinâmica das coisas, e cavocaram pra mim, na internet, um desistente da viagem, e acabei conseguindo a tal da passagem e lá fui eu!
Não adianta... toda vez que entro uso transporte ferroviário me ocorre: - “porque não é assim no Brasil também? Porque somos privados desse enorme benefício?”. A comparação chega a ser injusta... Li esses dias que a China está comprando trens bala “a torto e a direito”, e que em pouco tempo, vão ter a maior malha ferroviária de trens bala do mundo, vão ter mais trens bala do que todos os outros do mundo somados! Fecho os olhos e me imagino indo de Porto Alegre a Torres em 1h, demorando isso tudo porque o trem pararia em Capão da Canoa e Osório. Sem me preocupar com acidentes de trânsito, pedágios ou tranqueiras...
Mas voltando à realidade! Vou continuar contando como foi a vi



agem.
Entrei no trem e me dirigi direto à minha cabine (vide foto), pequeninha, 6 camas, travesseiro, cobertor, luz para leitura, bem aconchegante. Ainda mais com o sono que eu estava. Peguei no sono logo que embarquei, por isso acordei no outro dia as 5h da manhã e não consegui mais dormir. Fui presenteada com um amanhecer lindo (vide foto), e fui procurar uma tomada pra carregar meu celular e meu notebook. Antes de chegar onde eu queria, me deparei com um vagão onde as acomodadações não eram camas, mas sim assentos normais, e além de todos estarem preenchidos, ainda haviam várias pessoas de pé, e outras meio sentadas nas malas, meio dormindo aqui e ali.
Quis tirar uma foto, mas achei que seria falta de respeito. O povo já está passando perrengue ali e ainda vem uma coisa loira e grande tirar foto... Mas enfim que fiquei chocada porque a primeira coisa que me lembrei foi que eu estava fazendo uma viagem de 21 horas seguidas. Depois lembrei que o trem vai parando em algumas cidades, então provávelmente aquelas pessoas não ficariam tanto tempo naquela situação, mas mesmo asssim, o trem parava mais ou menos de 4 em 4 horas, e do jeito que aquelas pessoas estavam amontoadas, eu não gostaria de viajar nem meia hora...
Quando achei o vagão do restaurante, tinham mais uns quantos dormindo nas mesas, que originalmente eram para 4 pessoas, mas eles estavam em 6, apertados aqui e ali. Todos com um aspecto mais “humilde”, cara de camponeses, queimados do sol, mal cuidados. Quando cheguei na porta, todos me olhavam, como se eu fosse coisa de outro mundo, um messias, um ET, apontavam e riam, como se eu não fosse um ser consciente. E mais uma vez eu fiquei naquela ânsia de entender mandarim, muito curiosa pra saber o que eles pensam.
Bom, é só mais um pouco sobre a China e seus detalhes. Gostaria de fazer um filme sobre tudo isso um dia!
Vou lá pra vocês não cansarem de ler!
Abraços mil!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Seoul – Korea – 30/06/2011

Tem coisas que fazemos na nossa vida que são guiadas pelo nosso coração, e não adianta, pode a tal da razão estar ali martelando: “- tu corre sério risco de te arrepender por isso”, que se aquilo for o certo, naquele momento, o coração vai gritar mais alto e vamos acabar ouvindo ele... até porque ele costuma ter um argumento, que na minha opinião, acaba ganhando de todos os outros: “corre o risco de te arrepender? Pois prefiro me arrepender das coisas que fiz, do que passar o resto da vida me perguntando – e se...?”

Quando decidi ir passar o aniversário do Ed com ele em Seoul, várias coisas estavam complicando para eu não ir, e o mais fácil teria sido eu desistir mesmo, acontece que o tal do coração estava berrando no meu ouvido, e acabei ultrapassando as barreiras necessárias e fui!


E agora posso dizer que valeu muito a pena, o Ed é uma pessoa maravilhosa e mercia esse esforço. Além disso, consegui fazer contato com uma universidade de lá. Visitei o campus, conheci uma doutoranda, formada em Engenharia Ambiental que trabalha numa pesquisa sobre ciclo de vida e pegada de carbono de diversos objetos. Ela também me falou que existe a possobilidade de eu conseguir bolsa para estudar por lá caso tenha vontade, tanto para cursar um semestre como intercambista de graduação, como para voltar depois de formada e fazer um mestrado. Se uma das duas coisas vai acontecer mesmo, eu ainda não tenho como saber, mas foi interessante abrir essas portas.

Ter estado na Coreia me surpreendeu em muitos aspectos! Eu não imaginava que eles fossem tão “evoluídos”. Logo que cheguei em Seoul, peguei um ônibus até o centro da cidade, mas tive um pouco de dificuldade de me encontrar com o Ed, não sabia dizer pra ele direito onde eu estava. Eu dizia: “estou no café Bene, na frente de um Seven Eleven, ao lado de uma loja de carros”. Ingênua! Mal sabia eu que tem um estabelecimento desses em cada quadra de Seoul. Mas no fim nos achamos. O que quero contar dessa história, é a atenção que as pessoas me deram na rua, a gentileza, educação, sem contar que quase todos falavam inglês. O porteiro que não falava, tinha um iPad e acessou o google translator pra se comunicar comigo, porque a cidade inteira tem acesso à internet de graça, e me ajudou na maior boa vontade.

Pra completar, chego no apartamento de modelos e me deparo com 5 lixeiras, lata, plástico, plástico soft, papel, e resíduo orgânico. Eu nunca tinha visto nem separação de recicláveis e orgânicos em apartamentos de modelo, o que dirá essa coleta minuciosa. Seria redundante dizer que fiquei maravilhada!

Me apaixonei pela cidade, me lembrou muito Tóquio. Ruas pequenas, limpas e estreitas, barzinhos por tudo que é canto, lojinhas fofas, muitos estabelecimentos no subsolo, pessoas bem vestidas, limpas, banheiros limpos (ok, acho que estou com um certo trauma da China para usar tantas vezes o adjetivo “limpo”), metrô ótimo, rápido, eficiênte, limpo (hehe), cheio de maquininhas de café, biscoitos, chocolates. Além disso, tem um café em cada esquina, dos mais charmosos possíveis, mais do que Paris até! O ambiente é totalmente urbando, com poucas árvores e verde, mas apesar disso, é, de alguma forma, muito aconchegante e acolhedor.


Bom, já ficou claro que adorei Seoul certo? Se eu tiver que voltar pra lá não vai ser nenhum esforço, mas pra isso acontecer vou ter que arranjar um financiamento, porque apesar de todos os benefícios, a cidade tem um custo de vida alto. Ainda mais estando eu mal acontumada com a China, onde parece que o dinheiro estica...
Tirei poucas fotos porque choveu a maior parte do tempo que estive lá, mas pra não perder o costume, fotografei umas criancinhas. Que por sinal são fortes concorrentes em matéria de fofura com os mini chinezinhos.




Vou ficando por aqui! Abraços!